O blog começou em 2009 com o registro de uma vida de Au Pair e se tornou referência para outras pessoas viverem a mesma experiência. O blog me trouxe novos amigos e uma série de acontecimentos que dão orgulho demais. Hoje temos aqui um resumo de textos aleatórios sobre qualquer assunto. Boa leitura!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Retrospectiva Profissional


Da mesma forma que as coisas parecem acontecer tão rápidas, também parecem demorar. Não ando me concentrando muito bem nas coisas, nas minhas atividades. A cabeça anda longe. Fico assistindo cada cena e registrando tudo no fundinho do cérebro. Ao mesmo tempo que quero pensar na nova experiência, fico pensando em como ficarão todos aqui, em como as coisas acontecerão aqui. A saudade será meu maior problema. Eu sou tão apegada a essa família, a essas pessoas que me zelam tanto que só de pensar na distância, tudo o que mais quis nestes dias foi silêncio. Mergulhei numa pilha de filmes, me refugiei num bilhão de músicas que vivo curtindo no meu celular. Num dos filmes dizia que o que importa nessa vida é o que você já fez. Fiquei pensando no que consegui até agora e fiz uma retrospectiva do que me dediquei e do que adquiri de experiência nesses anos vividos. Não sou nenhuma senhora de 80 anos, mas quem vive um ano alguma coisa pra ensinar, pra contar tem. Voltei aos tempos de CEFAM, o colégio que me ensinou muito sobre as crianças e como devemos nos comportar com elas. Já que estou partindo pra cuidar de uma ou mais crianças, pensei também na forma em que as crianças se comportam. Elas precisam apenas do teu carinho e da tua confiança. O resto você vai ensinando com o tempo e vai aprendendo mais ainda com elas.

Aos 17 anos me formei no Magistério, uma vitória pra quem tem essa idade, ainda mais por ter sido 4 anos estudando em período integral e já recebendo um salário mínimo do governo. Foi nessa fase do CEFAM que conheci minhas queridonas Keila que se tornou uma amiga-irmã, Mary que além de ser minha amiga de longa data, ter personalidade forte, me apresentou a Nane, um presentão na minha vida e que me apóia como nunca pra investir nesse sonho, a Ju que vivia a rir das minhas palhaçadas em inglês e que hoje me ajuda com essa busca pelo Au Pair, Kelly a cantora mais famosa do CEFAM e que canta em inglês como ninguém (risos profundos nessa parte né não lindona? rs), a Aninha, a Aline, entre outras que têm cada uma sua especiaria e seu ponto forte na minha vida.

No último mês de CEFAM me lembro que a professora de Metodologia de Estudos Sociais, Sônia, apareceu dizendo que havia uma vaga numa escola particular e que quem tivesse interesse poderia procurá-la para pegar todas as informações. Pra variar era mais uma oportunidade que perdia por ser menor de idade. Eu odiava quando se tratava de idade em algumas situações. Por falar nisso minha idade sempre foi o maior motivo de piadinhas no colégio. Era a “bebezona”, a “novinha”, e sempre levei na brincadeira, assim quando me perguntavam "você tem a língua presa?" e eu dizia "claro né, senão cai dãaar". A idade foi um problema até no dia de assinar o contrato da formatura. Eu, e que me lembre o Renato Vernizzi, tivemos que pedir para os pais assinarem, pois a gente não tinha idade suficiente... rs! Pra mim foi um absurdo ter que fazer isso, mesmo porquê sempre fui teimosa feito uma porta e achava que podia muito bem assumir aquela responsabilidade. Até chorei no dia, eu me lembro. Mas foi uma fase. Hoje vejo que “adiantar o processo” tem suas vantagens e que não há nada de ruim depender de uma simples assinatura dos seus responsáveis.

Mesmo sendo menor de idade fui ver a vaga. Peguei as informações com a Sônia, ela me adiantou sobre a idade, que tinha que ter 18, e assim foi. Fui até Moema, encontrei a escola com facilidade. Fiz a entrevista, falei sobre minhas aptidões, inclusive sobre o fato de tocar violão que chamou muita atenção, encontrei uma das meninas do CEFAM lá, a Pri. Ela tinha terminado um ano antes de mim e não tínhamos muito contato no colégio. Nos tornamos amigas na escolinha e até hoje é minha amiga aquela encrenca. Logo no ano seguinte do colégio, já comecei a trabalhar. A idade? Se alguém perguntasse tinha 18. Foi a instrução que recebi das donas. Terminei o Magistério, consegui a vaga no colégio particular e mandei um cv pra escola de inglês que ficava na frente. A escola de inglês entrou em contato. Fiz entrevista, teste de inglês e me chamaram. Trabalhava então de manhã com inglês, à tarde com educação infantil e à noite continuava a dar aulas de inglês para as crianças do condomínio. Tudo sendo menor de idade... rs! Em maio esse problema acabou. Com 18 anos, não precisava mais enganar ninguém, apesar que quase ninguém questionava, pois a aparência sempre dizia que não tinha o que tinha realmente. O problema maior eram os documentos a serem assinados, carimbados, e blá blá blá.

Fiquei trabalhando nos dois lugares e continuei com as aulas no condomínio durante o ano. Exatamente um ano. Isso foi em 2004. É engraçado relembrar de tudo isso agora. Sinto saudade dessa época. Época em que as crianças me davam bombons, que as mães ficavam felizes em me ver e abriam um puta sorriso, e época em que acordar cedo era acordar às 8h da manhã duas vezes por semana, e nos outros dias 10h era suficiente pra sair da cama. Dava tempo de chegar ao trabalho da tarde.

No final de 2004 já comecei a tomar outro rumo na minha vida. Pensei bastante sobre que faculdade fazer, se ia seguir realmente a área educacional, o que faria afinal. Na escola particular conheci a Rosi, que apelidei de goiaba pelos vários furos durantes nossas conversas. É uma pessoa de bom coração e que você pode contar quando precisar, nem que seja pra tomar umas cervejinhas. Foi a Rosi que comentou que estudava perto do colégio, que a faculdade era reconhecida e tal. Ela fazia Pedagogia, mas o curso que me interessava era Publicidade e nessa faculdade tinha. Lá fui eu, me decidi. Achei que fazendo Publicidade poderia me sair muito bem, afinal de contas era um curso que unia arte, criação, estratégia, muita fala que adoro por sinal, e programas de edição gráfica que estava me familiarizando. Me lembro que na época do CEFAM comentava com a Joyce e com a Keilinha que um dia faria Publicidade, porque sempre falei demais e escrevia mais ainda. Dito e feito, fiz a matrícula em janeiro, saí da escola particular pra buscar estágio na área e pra conseguir o dinheiro pra pagar alguns meses de facu. A escola de inglês fechou e fiquei com muitos dos materiais doados pela dona da escola e ainda continuei alguns meses dando aula particular na casa de alguns ex-alunos de lá. Logo que fiz a matrícula da faculdade, me inscrevi no Programa Escola da Família, onde o governo paga sua faculdade enquanto você executa atividades sociais aos sábados e domingos, das 9h às 17h. Fui aprovada no programa, então não precisaria pagar meus 4 anos de faculdade. Teve muita gente que me chamava de louca por “perder” os finais de semana, deixar de viajar, de ir aos churrascos, festas, só por causa do trabalho. Hoje vejo o quanto tudo isso me fez bem. Paguei somente a matrícula da faculdade, conheci muitas pessoas especiais com o Escola da Família, aprendi a conviver mais ainda com pessoas de personalidades extremas, e durante a faculdade pude buscar um pouco da minha área.

Meu primeiro estágio foi numa clínica de cirurgia plástica. Fiz o cadastro no site Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios) e consegui a entrevista para alguns lugares. O salário era baixo então logo descartava, resolvi ficar com a clínica. Dr. Toledo me contratou no primeiro momento do teste de digitação. Ele achou o máximo digitar sem olhar pro teclado. Ele me chamou para montar um banco de dados de seus pacientes, com fotos de pré, durante e pós-cirurgia. Era terrível ver aquelas fotos logo de manhã, mas aos poucos me divertia. Era bunda, peito, faces abertas e um monte de informação de um monte de gente de um monte de lugar. Sem esquecer dos nomes claro, tipo ritidoplastia, abdominoplastia, etc. Na clínica pude conhecer também as lindonas Neidoca e Lucimation, ou então se preferir, Neide e Lucimara, pessoas vaidosas, simples e de uma gargalhada incomparável. Hoje as duas continuam trabalhando juntas, mas com outro médico. O Dr. Toledo era e é muito famoso, tanto que hoje está em Dubai, trabalhando num hospital de lá e está muito bem por sinal. Li a página “Perfil” da Veja. Lá estava ele com um carrão vermelho e sua trajetória de vida escrita. É, ele é taurino, fala inglês mais que fluente, escreve livros, tem uma bagagem e tanto de vida. Merecia esse status quo. Quem se esforça merece sim ser feliz da forma que tem que ser. E outra, sempre via o doutor dar muita atenção aos pais bem velhinhos, era atencioso e agradava até onde podia. Isso fez com que ele ganhasse ainda mais pontos comigo. Cuidar da família é fundamental. A clínica fechou de repente para que o médico fosse pra Dubai. Ajudei com a mudança enquanto meu perfil ficasse ativo novamente no Nube e encontrasse outra vaga de estágio.

Na busca pelo segundo estágio, não encontrava nada com o salário que ganhava na clínica e com os mesmos benefícios, então dentre as entrevistas que fiz, acabei ficando com um estágio de 300 reais a menos do que pretendia. Eu não tinha saco pra ficar em casa sem trabalhar, e mesmo tendo as aulas particulares, não me sentia satisfeita. Logo, peguei a oportunidade que me apareceu. “Athos Sistemas de Identificação”, esse era o nome. No começo tudo parecia meio desorganizado, eu nem tinha mesa, computador e ficava aprendendo um pouco de cada funcionária do departamento. Aprendi muito com a Luana, que cuidava da parte de PVC, e também com a Catarina, que era responsável pelo poliéster. Esses eram os tipos de materiais que a empresa produzia os cartões. Lá estava eu trabalhando no departamento de artes. Na segunda semana, me forneceram um computador, informando-me que deveria apenas tratar as fotos. Tudo bem. Isso era bico. Aprendi, com o tempo, o serviço das duas meninas, uma saiu, em seguida a outra, e assim foi. A cada funcionária nova, ensinava o que era preciso. Sempre dei a cara pra bater e aprender o que fosse preciso. Nunca é demais aprender. Resultado? Me efetivaram. Em outubro/2006 entrei como estagiária, e em abril/2007 me registraram. Pensei também que se a faculdade exigisse o estágio, já teria 1 ano da clínica e 6 meses na Athos. Já era suficiente para as horas de estágio obrigatórias. Fiquei super feliz, apesar de sempre ouvir a galera reclamar da empresa, disso e daquilo (e isso acontece até hoje). Uma coisa que minhas mães (Mirna, Mariangela e Aurora) me ensinaram, foi não ficar cuidando do que os outros dizem. Faça o que tem que fazer e seja humilde em cada situação profissional. E assim foi, até hoje estou na Athos, e depois de trancos e barrancos sou responsável pelo departamento de artes e produção dos cartões, desde abril do ano passado, além de ajudar com o suporte dos softwares e quebrar galho com outros itens da empresa. Gosto do que faço e acho que o melhor na vida é você fazer o que gosta e ensinar o que sabe pra quem realmente quer aprender. Se você ensina o que aprende, aprende duas vezes. Muitas pessoas dizem que posso conseguir coisa melhor, e é claro que acredito que posso sim. Agora com essa nova fase da minha vida, tudo o que mais quero é surpreender com o que eu mesma sou capaz de conseguir nessa vida. Primeiro o inglês fluentíssimo, segundo um emprego dos sonhos, e aí sim concretizar aos poucos meus bens materiais, carro, casa, agência, etc.

Depois de fazer essa retrospectiva, me toquei que só pensei no profissional. Bom, do pessoal acho melhor vocês descobrirem aos poucos. “São tantas emoções...” rs.
Neste fim de semana pensei tanto que acho que meus neurônios estão até mais musculosos. É nítido que não estou com a cabeça aqui neste planeta. Estou numa fase tão decidida e ao mesmo tempo tão vaga. Estou planejando, torcendo pra que tudo corra muito bem, mas já pensou se aqueles xaropes do consulado negam? Melhor nem pensar nisso. Já estive lá em 2004 e recebi um não. Melhor nem pensar na sensação daquele dia. Ô lugarzinho viu.

Hoje conversando com meu cunhadopai no carro, comentei que a papelada encerra amanhã. É só pegar o resultado negativo daquele teste de tuberculina e publicar no site junto com as fichas traduzidas. Já era pra ter feito isso, mas os dias de Carnaval quebraram um pouco parte dos planos.

Qual será a próxima etapa? Pelo o que a Ju tem falado, acredito que seja o teste de inglês. Se não for o TOEFL tá valendo. Fiz esse teste na Wizard e dava muita risada. Não entendia uma vírgula do que falavam. Tirando a rapidez da linguagem era de uns assuntos inacreditáveis. Enfim, vamos esperar a próxima etapa então. O inglês sempre fez parte da minha vida, e não é agora que vou me assustar não é? Me lembro até da época do CEFAM em que treinava as músicas com a Keilinha. Ficávamos escondidas nas salas lendo e tentando acompanhar Nickelback, Linkin Park, Creed, até que um dia fomos pegas por uma das professoras daí desistimos das maluquices. Foi muito cômico a gente com cara de loucas, e a professora chegando de mansinho. Passamos a ser meninas comportadas que treinavam o inglês na própria cadeira mesmo. Que venha o teste, que venha a segunda etapa.

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