E num dia ela adormeceu e não queria mais acordar. O remédio era forte, era estranho. Um mundo fechado por uma porta num quarto sem janelas. Faltava ar. Ela tentava voltar ao normal, a respiração travava. Tosse. Não era de gripe, não era de resfriado, era de choro. De tanto chorar as olheiras aumentavam, a boca secava e os pensamentos atordoavam. Insônia. Ela não tinha pra onde ir. Não existia um caminho a não ser o desafio de ser o que ela é: única. Uma razão sem coração que pulsava forte e que confundia o cérebro. Não tinha mais motivo. Ela chorava, esperneava e saia à procura de respostas. De pensamento em pensamento ela sugava a energia que restava e compartilhava. Quando surgiu essa idéia, ela encontrou paz. Era preciso compartilhar. A respiração voltou ao normal, a boca já sentia o gosto da saliva e o encanto despencou em forma de gente. Ela suava. A mão suava, a boca secava de tanta ansiedade. Não tinha um único motivo pra sorrir. Era motivo demais pra um sorriso só. Era escancarado. Era aquele sorriso de brilhar os olhos. Dentro de uma linha do tempo ela encontrou um canto do quarto escuro, e espiou a luz. De pouco em pouco ela degustou o sol, a lua e entendeu o que era compartilhar. Hoje ela não vive no escuro e sorri em grupo. Ela entende. Ela surpreende. Ela era quem sempre foi, no mesmo lugar, com o mesmo coração, mas com uma ambição maior. Ou não.
Marcela Rios.
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