O blog começou em 2009 com o registro de uma vida de Au Pair e se tornou referência para outras pessoas viverem a mesma experiência. O blog me trouxe novos amigos e uma série de acontecimentos que dão orgulho demais. Hoje temos aqui um resumo de textos aleatórios sobre qualquer assunto. Boa leitura!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Faltam 3 meses!



No primeiro ano de Au Pair escrevia sobre a experiência de mês em mês, fazia comparações malucas, me divertia. Agora não é tão divertido falar sobre o tempo não. Faltam 3 meses, exatamente 90 dias para que eu volte pro Brasil e volte a tirar visto de turista pra voltar pros Estados Unidos. Não sei explicar essa mistura de sentimento, de pensamentos e de objetivos na minha cabeça. Primeiro tinha que pensar que em tanto tempo estaria nos Estados Unidos, agora acontece o inverso. Tenho que pensar no que fazer quando chegar no Brasil.

Sabe quando você se sente um remédio com prazo de validade? Pois é. Vim pra cá, droguei todo mundo com a minha alegria e agora eu tenho que ir embora. O remédio tem o prazo de mais 90 dias e olha que souberam usar muito bem. Agora somos dependentes uns dos outros e a tristeza já está tomando conta de todo mundo. Sabe roupa com defeito? Você comprou a roupa que mais queria da vitrine e agora teve que trocar, porque desfiou? Então. A sensação de troca não é legal não, nem pra mim, nem pra eles. Mas a amizade que construí com essa família não tem ninguém que possa falar mal. Judeus, comida Kosher e uma criança com autismo. Se você acha que isso são problemas, você não sabe o que é conhecer cultura e superar desafios. A família que me acolheu como filha mesmo, que cuidou, que ajudou, que deu váaaaaaaaaaarias aulas de inglês, que suportou na tristeza, na alegria, como um casamento mesmo. Toda Au Pair sempre fala pelo lado dela, já parou pra pensar que a família coloca um estranho dentro de casa? Tanto um quanto o outro lado da moeda, estão em jogo. Pra que ambos entrem num acordo leva tempo e quando bem sucedido, todo mundo sai ganhando. Foi o que aconteceu comigo. A família Zinn me acolheu tão bem que nem tenho como agradecer. Eles foram muito mais que uma família americana que bancava meu intercâmbio. Eles foram professores, pais, amigos e eu devo muito mesmo a eles. E as crianças? Conheci a mais bela princezinha da América que me deu dicas de inglês e me ensinou muito mais do que um adulto poderia ensinar. Ela é surpreendente. E o meu futuro namorado? Você que tem cérebro de azeitona e acha que autismo é um problema, o problema está na sua ignorância. Vou defender até a morte, pois vivi 1 ano e tantos meses com a criança mais amorosa da face da terra. Beijos, abraços, uma forma de comunicação diferenciada e que me arrebenta o coração só de pensar na saudade que vou sentir. Ele fala português, ela ama Turma da Mônica. Sim, um pouco do Brasil e de mim mesma ficam com eles.

Essa contagem regressiva não é sofrimento por antecipação ou nada disso, é que não tem como não pensar em despedida, quando sua preocupação começa a ser a compra das malas pra voltar pra casa. O tempo voou, aprendi muito, amoleci o coração dos americanos, criei vínculo pra vida toda.

Antes pensava na saudade que ia sentir do Brasil, da saudade das pessoas que eu amo, e agora que conquistei pessoas em dois países? Puta merda! Mas eu tinha que expandir essa vontade de unir continentes né? Agora como lidar Marcela? Não tem nada, nem post nenhum nesse mundo que resuma a experiência de Au Pair com precisão. Eu só tenho a agradecer. Agradecer a Deus, aos meus familiares, aos meus amigos que me deram força pra chegar onde cheguei e quero agradecer aos que me fizeram chorar muito também, pois viver “sozinha” não é uma tarefa fácil. Mais um ponto pra mim. A saudade e a comida. Dois itens que me fez sentir MUITA falta do Brasil. Comida da minha mãe, das minhas irmãs. Saudade de todo mundo. Saudade de falar alto na rua, de tomar Nortenha no Penha Lapa, de pegar o ônibus lotado e atravessar a cidade pra dar uma abraço em alguém. Saudade de fazer meus amigos felizes, saudade de tudo.

Faltam 3 meses e já escolheram a nova Au Pair. Brasileira e simples. É disso que falo. Au Pair fresca não dura nesse país. Você quer brincar de Barbie? Compra uma boneca. Não vem querer bancar a patricinha de Beverly Hills que não cola. Au Pair é pra ser peão, é pra ralar. Se fosse pra ser fácil o programa teria incluso visita ao país de origem pra facilitar o processo. Mas não tem e aqui é você contra você mesma. Permita-se, arrisque. Tenho orgulho de dizer que fiquei 2 anos cuidando de criança, porque graças a esse programa consegui estudar, viajar pra várias lugares e conhecer pessoas maravilhosas. Pra você que tem medo de Rematch, esqueça. Rematch foi a solução para os meus problemas, foi o acordo de paz com os Estados Unidos e uma transformação na concepção de “família americana”. Agora sim eu moro com uma família de verdade e não com gente que é enfeite de mesa de escritório.

Logo mais embarco para o Brasil, e o meu coração já está explodindo. O deles também.
Em 90 dias vou descobrir quem sentia saudade de verdade. Será hora de esmagar meio mundo de gente.

Parabéns pra quem chegou até aqui. Vocês merecem um beijo gigantesco na bochecha. Afinal, além de tudo isso, hoje é dia do beijo.

Marcela M's.

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