Último dia de Au Pair. Último dia cuidando dos meus pimpolhos, das crianças que conquistaram meu coração. Não tem como explicar a confusão de sentimento que isso causa. Toda vez que encerro um ciclo, que tenho que me despedir de alguém que amo muito, é preciso ter força. Força tive durante esses dois anos. Uma briga com a cultura, com o idioma, com a comida, com a saudade, com tudo. Agora dizer que isso chegou ao fim pode parecer difícil, mas sinceramente o mais difícil já passou. Tudo o que vivi nesse país só tenho do que me orgulhar. Nada e nem ninguém pode me dizer o contrário. Só cabe a mim todas essas lembranças, essa saudade que vou sentir, viver e compartilhar com quem quiser saber. Foram os dois anos mais surpreendentes, mais angustiantes e mais sinceros da minha vida. Me descobri como nunca, me desafiei, mergulhei numa maré de acontecimentos bons e de acontecimentos ruins. Meus posts normalmente são incentivos para que vocês possam lutar pelos sonhos também e vencer. Como era de se esperar, não decepcionei nem a vocês e nem a mim mesma. Foi complicado ficar sem a família, sem os amigos, sem os lugares que gosto de frequentar no Brasil, mas por outro lado vivi momentos maravilhosos, conheci pessoas do mundo inteiro, viajei por lugares que jamais imaginaria e me descobri, me permiti viver alucinadamente. Estudei, me esforcei para que o inglês melhorasse a cada dia mais e aqui estou, dizendo que é possível. Você nunca vai saber se algo pode dar certo se não tentar, e tenho dito... tudo pode se tornar melhor, inclusive você enquanto ser humano.
Passei muitos perrengues, ultrapassei meus limites, chorei e me encantei. Muita gente dizia que os americanos são frios, que eles são calculistas e se aproveitam de você, porque precisam de você e não é porque te amam, nem nada disso. Não é bem por aí. Comecei numa família que se dizia ser das melhores, e de repente me mudei pra outra família americana que superou qualquer expectativa. Uma família judia, tradicional, comida Kosher (marca específica e que segue a tradição judaica), uma criança com autismo (que para muitos é um desafio), uma garotinha esperta e que me deixou de queixo caído váaaaaarias vezes e muito mais. Essa família, que parecia ter defeitos segundo outros, foi perfeita. Me acolheram como filha, cuidaram, se preocuparam e me ajudaram no que eu precisei. Conheci um dos melhores homens do mundo, o meu host. Um cara mil e uma utilidades, que cozinha, que conserta as coisas em casa, que abraça, que beija, que cuida dos filhos, que passa roupa. Um americano que passa roupa é um milagre, acredite. Aprendi tanto, mas tanto, mas tanto com esse cara que só tenho a agradecer a Deus por ter me dado essa oportunidade mesmo que seja por linhas tortas.
Hoje a nova Au Pair já está aqui, e a sensação de substituição que achei que iria me incomodar horrores, passou longe. Não nasci pra ser substituída ou pra excluir. Nasci pra somar e foi isso que aconteceu. Ajudo no que posso, falo o que posso e multiplico, faço uma soma prática de felicidades. E é assim que tem que ser. Quem soma faz mais gente feliz e se torna mais feliz também. Essa foi a lição mais humilde que os Estados Unidos podia me dar, que a vida podia me oferecer.
Digo com todas as letras que estou feliz, que sou uma pessoa realizada e que vivi momentos únicos com pessoas que jamais vou me esquecer. Sinceramente, essa é uma vitória e que vou repetir sempre. Obrigada América de cima, obrigada a todos vocês que estiveram comigo. O blog não acaba, se vocês estão pensando nisso. Não vai acabar. A jornada está simplesmente começando. Na verdade, quem não pára sou eu e quero compartilhar mais felicidades e mostrar que é possível vencer, ser feliz ou atingir qualquer outro objetivo que você tenha em mente. Sendo ele bom, que mal tem? A hora de ser feliz é agora. O ontem é um encanto e o amanhã uma viagem... que vai te encantar também. Quem diz que sabe tudo, ainda não aprendeu nada. Semana que vem estou de férias em Miami e volto pra contar pra vocês como foi.
Hoje é o último dia? Eu sempre vivo como se fosse o último dia.
O erro é achar que o agora é um problema. Não é e não será.
"Vamos viver tudo o que há pra viver, vamos nos divertir..."
Um beijo.
P.S: Girls, I'm gonna miss all of you. So much. I'm sure. =)
Adorei seu post !!
ResponderExcluirMais um ciclo se encerra... Parabéns mais uma vez! Por sua luta, suas conquistas, suas superações. Sempre acreditei em vc e sei q vc vai longe, 'gagota'! rsrs. Te espero em breve aqui na terra tupiniquim...
ResponderExcluirBjs
boa sorte amoreeee...vou sentir muita falta suaaaaaa
ResponderExcluirbeijosssssss
Parabéns pelo blog! Morei nos EUA pelos últimos 3 anos, e voltei para o Brasil no Natal do ano passado. Namorei pelos 2 últimos anos aí uma Au Pair brasileira, que inclusive estudava em Manhattanville, e morava em Mamaroneck.
ResponderExcluirSuas palavras sobre o último dia foram um espelho do muito que vivi com ela, e suas famílias, suas crianças, nossa solidão, etc...
Mais uma vez, parabéns!
Ricardo