Hoje acordei,
a peguei pelo pescoço, forcei a me deixar. Estava me matando, me sufocando.
Tentou ser mais forte que eu, não deixei. Foi uma luta, uma guerra, um
arranca-rabo lascado. Ela é uma safada. Aparece nos momentos mais apropriados e
tenta me conquistar com fotos, músicas e lembranças. Já disse que aqui ela não
fica. Mais esperta do que eu, se escondeu, surgia aos poucos e me conquistava
com aquele olhar maroto. Não adianta! Quanto mais pedia pra que ela fosse
embora, mais ela se adentrava, sentava e me olhava com um olhar carente e
amoroso. Passei horas olhando pra ela e tentando me convencer de que não valia
à pena que ela ficasse. Ela não entendia e me perturbava. Disse que não dava
mais, que não fazia sentido ficar. Ela gritava, esperneava, me abraçava
querendo mais. Quando cansei, deixei de dar corda para que ela continuasse ali
parada na minha frente me olhando com carinho e ela sossegou. Ficou parada por
alguns instantes enquanto pensava em como matá-la, em como acabar de uma vez
com ela. Achei uma solução... Peguei um papel, uma caneta e escrevi. Escrevi
sem parar, perdi o fôlego e ela me dizia que não ia embora. Escrevi, escrevi e
escrevi e terminei meu texto com a seguinte frase: “Pode ir, volte quando
quiser, mas não me faça sentir dor e não me faça sofrer.” Li em voz alta
repetidamente sem cessar. Ela saiu pela porta e nunca mais voltou. A saudade se
foi e nem precisei matá-la. Que aquela safada não volte, ou na próxima vez eu a
mato, com certeza.
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